terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Loucura Lúcida


Não conseguir fugir da realidade significa um excesso de lucidez ou extrema loucura? A resposta confirmaria minha tese poética-lunática, de que não só o excesso de lucidez leva a loucura como o excesso de loucura leva a lucidez.

Se minha realidade é na verdade uma ilusão, quando tento fugir dela, tento alcançar a realidade? Ou migro de ilusões em ilusões? Se as realidades são múltiplas a tentativa de alcançar a realidade única em que todos se enquadram seria uma farsa. Talvez todos vivam em suas respectivas ilusões, que criamos e recriamos. Se pertence a cada sujeito que a resolva viver, a realidade sim que é uma ilusão, a ilusão da ilusão. A ilusão é uma realidade. A realidade está fora ou dentro? do exterior ou do interior? O que faz pensar quantas realidades seriam possíveis. Infinitas. Nos casos que unem mais indivíduos, podemos denominar precisamente como o fenômeno do delírio coletivo.

Se produzimos a realidade ilusória, o que é loucura? Como são diversas as loucuras, digo, ilusões, realidades. A metafísica disso tudo é expressa pela loucura de Deus, o tal dançarino do qual falava Nietzsche, que nos criou a sua imagem e semelhança, como deuses de nossas próprias loucuras. Fato é que nelas podemos fazer o que quisermos dentro dos limites da loucura de Deus.

Dizem por ai, que o sóbrio é aquele que sabe distinguir a realidade da fantasia, mas o que dizer se somos máquinas de produzir de fantasias? Certamente jamais será possível olhar um homem despido de seu imaginário. Ilusões sobrepostas numa translucidez aguda. Perceber que está iludido não significa que nos livramos da ilusão se ela é real. As ilusões/realidades se desdobram uma fora da outra. Se trancafiamos alguns de nós dentro das salas estofadas, é porque os condenamos pelo abuso da criatividade.

O excesso de lucidez, faz perceber a ilusão real, que se exacerbada leva a loucura originária. A loucura alucinatória se levada a extremos nos leva a realidade ilusória, que é a realidade possível.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Todos os caminhos fazem de você um idiota – como um soco no espelho

Você que eu digo sou eu. Porque quando falo comigo mesmo me chamo de você e não de eu. Você sou eu e eu sou outro, que é você. Ao tempo que falo de você, falo de mim. Se nós, eu e você, sabemos da verdade, certamente somos gênios. Genialidade desperdiçada, a falta de sentido faz desnecessária qualquer sabedoria, saber é apenas angústia. Se você, como eu, que somos o mesmo, não sabemos a grande verdade, e sentimos a angústia, ainda somos idiotas que sofrem acreditando numa mentira. Ou somos idiotas, porque fingimos saber a verdade apenas pela vaidade de ser vazio. Achar que a vida é vazia dá o sentido à vida, justifica o continuar parado, deixá-la escorrer pelos dedos. Assim eu, você ou o outro, podemos então continuar a ser frustrados sem culpar a você ou a mim e a culpa fica à falta de sentido da vida.

Eu e você fingimos o que?


Brevíssimo Discurso Irônico Feminista

A partir da data do nascimento fica proibida qualquer sensação de prazer. Qualquer tentativa de utilizar este corpo, que lhe pertence, para a liberdade está proibida, e será considerada crime.
Lembrando a ilegalidade de tais atos, fica instituída a punição que deverá ser aplicada através do peso da culpa. Ao bel prazer dos punidores, poderão se somar as seguintes penas: violência verbal e psíquica, exclusão, discriminação, depreciação da imagem, violência doméstica, assim como desvalorização qualitativa, tanto diante de Deus como da sociedade.
É estabelecida a hipocrisia, que deverá então ser a guia mestra de todos os dias adiante. É dever seguir calada. Ao passo que todo individuo do sexo feminino tem o direito de se conservar em silêncio.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Vazio Transbordante - contamina tudo